quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

febril

letra e "música": luís caminha-antóneo


Finalmente febril
ajeito-me a um canto do nosso chão:
nós tão aqui e o mundo a mil
e o meu corpo no teu abraço
e nos teus olhos tudo o mais que faço,
e nos teus olhos tudo o mais que faço.


Não quero mais nada, não.
Não, não, não, não, não, não, não.

Sob as sombras do tecto
um andar por telhas da tua mão:
o paraíso é tão directo
como um sol que viaje por dentro,
como bombom de inferno em vai de vento,
como bombom de inferno em vai de vento.


Não quero mais nada, não.

Não, não, não, não, não, não, não.

Nem ideia sequer
de quantas manhãs na vida se vão:
se isto for asa e me quiser
há-de ser tudo o que me tem
na noite à noite que esta noite vem
na noite à noite que esta noite vem.

Não quero mais nada, não.

Não, não, não, não, não, não.


                         Leceia e 2019, 31 de janeiro
                         (original de 2007)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

desencontro

Letra e "música": luís caminha-antóneo

Tu criticas-me os dias, mas eu gosto
de avisos duros quando a voz é terna.
Tu olhas de soslaio e eu decoro
para lembrar à noite a tarde que eras.

     Tu és mesmo esse quase de sol posto
     que se demora em sombras no meu rosto
     e habita a lágrima do desencontro,

     do desencontro.

Tu não sabes, sei eu, que em cada poro
da tua pele há mais palavras que estas;
ah!, tu nem desconfias, quase aposto,
das maravilhas que eu faria com elas.

     Tu és quarto minguante sob a cama
     de um corpo só para quem sempre te ama,
     tu és acá do muro em que eu me escondo

     em que eu me escondo.

Versão original: tu (2001)

asas partidas

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