terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

transmutação


Poema e "música": luís caminha-antóneo


Não sei porquê, pouco se fala nisso...
Morria o beijo em tua boca breve
quando fechaste os olhos ao perigo
e abandonaste a luta a quem se atreve.

     Vou atear-nos da espera enquanto ris,
     segredar-te que tens o que pediste,
     jurar que nunca mais saio daqui,
     fazer-te a minha casa, eu que sou triste.

Valeu a pena ter batido leve.
Agora sou o lobo em desatino,
o fiel aprendiz, o moço imberbe
que bebe em corpo de cadela em cio.

     Vou ladrar-te ao ouvido o que te quis,
     arrancar-te a alma toda, se ela existe,
     quem sabe construí-la de raiz,
     vou tomar-te ao vazio de arma em riste.


04 de fevereiro de 2019 e leceia (original: 2002)

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