quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Tudo falso


Poema e "Música": Luís Caminha-Antóneo


O fecho paulatino das palavras
é doença maior durante o inverno
e este frio que nunca mais acaba
sintoma apenas de que já não espero.

     Nasce o dia e parece que desperto
     de um sono largo, ininterrupto e certo,
     que toda a noite coração a trote.
     Nasce o dia e parece que desperto
     de um sono largo, ininterrupto e certo,
     que toda a noite coração a trote.

O branco na parede que guardava
por insónias o azul do teu regresso,
é sombra; e sombra a cama estupefacta
da ausência no teu corpo dos meus versos.

     É tudo falso: de manhã é quando
     dou conta de que vivo tiritando
     deitado nos lençóis da nossa morte.
     É tudo falso: de manhã é quando
     dou conta de que vivo tiritando
     deitado nos lençóis da nossa morte.


Leceia e 2018, 11 de dezembro (versão original: soneto deste longo inverno)

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