O fecho paulatino das palavras
é doença maior durante o inverno
e este frio que nunca mais acaba
sintoma apenas de que já não espero.
Nasce o dia e parece que desperto
de um sono largo, ininterrupto e certo,
que toda a noite coração a trote.
Nasce o dia e parece que desperto
de um sono largo, ininterrupto e certo,
que toda a noite coração a trote.
O branco na parede que guardava
por insónias o azul do teu regresso,
é sombra; e sombra a cama estupefacta
da ausência no teu corpo dos meus versos.
É tudo falso: de manhã é quando
dou conta de que vivo tiritando
deitado nos lençóis da nossa morte.
É tudo falso: de manhã é quando
dou conta de que vivo tiritando
deitado nos lençóis da nossa morte.
Leceia e 2018, 11 de dezembro (versão original: soneto deste longo inverno)
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